terça-feira, 25 de setembro de 2018

Carta à uma amiga, que é forte como pedra


Como tudo que carregamos em nossas ideais e sentimentos, os passos que damos com nossas emoções e o avançar do tempo, essa carta vem em resposta a muita coisa, pra um tanto de gente. Há tempos (muitos tempos!) devo uma carta a uma amiga querida. Ela, talvez já não se ache tão querida assim, tal é o tempo de demora minha em escrever à ela. Mas eis que um ser tão forte quanto ela passou por mim e deixou respostas, mais que perguntas. Esse texto é várias coisas: além de um pedido de desculpas, é também um agradecimento; além de parecer uma história pela metade, desconfio que seja também o começo do venha a contar do pouco que aprendi no último ano.

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Oi! Como estás?
Há quanto tempo te devo essa carta mesmo? Nem sei...
Mas quero que saibas que muito me remoí por dentro por causa de tanta demora. Tua proposta, tua provocação, teu convite, vieram certeiros naquilo que eu precisava: retomar amizades, resgatar pessoas queridas que deixei o tempo levar. Se já não voltam mais, tudo bem. Se já caiu (cai?) no tempo, não tem problema. Mas tenho algo comigo que preciso te contar.

Minha jeito de achar que nunca é o melhor momento de falar com as amizades me fizeram deixar que se perdessem no tempo o que sou, o que somos e o que carrego entre tu e eu. Essa foi a minha dificuldade em poder dizer o que nos fazia ímpares, pares de um grupo incrível que é (já foi?) o nosso. Já não me sinto mais parte dele, quem sabe um dia consiga retornar?

Mas eis que o tempo, o universo, o deus e a deusa, e o Pedro, me ajudaram a botar novas energias nessa missão que é esta carta, que são as nossas próprias vidas.

O que preciso te contar é o profundo sentimento de gratidão que carrego por ti (e também pelo Pedro, haha). Mas te perguntas “por que?” Leia a letra dessa música aí na seqüência. Se puder, e eu prefiro que tu possas, coloque a música pra ouvir e acompanhe com a letra. Pra facilitar, segue o link:

Nuvem Passageira - Ellen Oléria

Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai

Não adianta escrever meu nome numa pedra
Pois esta pedra em pó vai se transformar
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar

Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai

A lua cheia convida para um longo beijo
Mas o relógio te cobra o dia de amanhã
Estou sozinha, perdida e louca no meu leito
E a namorada analisada por sobre o divã

Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai

Por isso, agora, o que eu quero é dançar na chuva
Não quero nem saber de me fazer, ou me matar
Eu vou deixar em dia a vida e a minha energia
Sou um castelo de areia na beira do mar


Minha gratidão é por tu seres a pessoa que és. Forte, de riso largo, impetuosa com o mundo e com tudo o que de triste as pessoas nele nos trazem. Poucas pessoas se mantém tão firmes nesse propósito como tu.

Minha gratidão é também por ter sido apresentado à voz da Ellen Oléria por ti, que depois me trouxe a versão de Nuvem Passageira. Os dias que se passaram ao último 28 de abril foram profundamente difíceis. Ainda são. Mas a letra de Nuvem passageira foi uma das coisas que me ajudaram a ficar de pé, a entender, a dar sentido, a seguir num sentido.

Com a sua missão, Pedro veio como nuvem passageira, mas veio Pedro, veio pedra, veio forte, veio trazer a mim uma força que achei nunca possuir, jamais carregar, que me impediriam até de digitar com as mãos trêmulas do choro forte que vem agora...

É difícil não racionalizar tudo. Pedro, a pedra, também ainda está me ajudando com isso. Onde quer que esteja. E tu, e Ellen, e muitas, muitas outras pessoas também estão. Mesmo que não saibam.

Outro dia descobri uma música nova. Segue a letra e o link, caso não conheças.



To Build A Home - The Cinematic Orchestra


There is a house built out of stone
Wooden floors, walls and window sills
Tables and chairs worn by all of the dust
This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home

Cause, I built a home
For you
For me

Until it disappeared
From me
From you
And now, it's time to leave and turn to dust

Out in the garden where we planted the seeds
There is a tree as old as me
Branches were sewn by the color of green
Ground had arose and passed it's knees

By the cracks of the skin I climbed to the top
I climbed the tree to see the world
When the gusts came around to blow me down
I held on as tightly as you held onto me
I held on as tightly as you held onto me

Cause, I built a home
For you
For me

Until it disappeared
From me
From you

And now, it's time to leave and turn to dust

Construir Uma Casa (tradução)

Há uma casa construída de pedras
Com chão de madeira, paredes e peitoril de janelas
Mesas e cadeiras cobertas todas de poeira
Esse é um lugar em que não me sinto sozinho
Esse é um lugar onde me sinto em casa

Porque, construí uma casa
Para você
Para mim

Até desaparecer
De você
De mim
E agora, é tempo de partir e deixar a poeira

Lá fora no jardim onde plantamos as sementes
Há uma árvore tão velha como eu
Ramos foram costurados pela cor do verde
A terra havia se levantado e passou-o de joelhos

Pelas ranhuras da pele, subi ao topo
Subi a árvore para ver o mundo
Quando as rajadas chegaram para me derrubar
Segurei tão forte quanto você segurou a mim
Segurei tão forte quanto você segurou a mim

Porque, construí uma casa
Para você
Para mim

Até desaparecer
De você
De mim

E agora, é tempo de partir e deixar a poeira




Pedro não desapareceu, não de mim. Nem de Rani. Nem de Sarah. Nós construímos nossa casa antes dele, mas ele veio pra deixar tudo mais forte. Como Pedro, como pedra.

Amo você, Lélia. E todxs que nos acompanharam e acompanham nesse caminho.
Amo você, Sarah, minha filha. Amo você, Pedro, meu filho. E amo você, Rani, por tudo e por me permitir estar ao teu lado nessa vida.

Queria amiga, forte como pedra, tenho certeza de que tu e Pedro se dariam muito bem.

Que dessa carta a gente não deixe mais de se falar.

Um beijo,

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